Um dia com um Gestor de Reserva Extrativista


Saiba como é o trabalho dos responsáveis pelas Unidades de Conservação de Uso sustentável na Amazônia.

O seringueiro e artesão Jilberto Maia trabalha no corte da seringa. 
Crédito: Aurelice Vasconcelos/Reserva xtrativista do Cazumbá-Iracema/ICMBio.




Gerir uma reserva extrativista exige uma dose de versatilidade do administrador. Uma entre as mais de 70 Unidades de Conservação (UCs) deste tipo espalhadas pelo Brasil, a Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, no Acre, requer atenção. Seja para manter o caráter do extrativismo ou mesmo para assegurar que o desenvolvimento e a sustentabilidade andem lado a lado. O analista ambiental Tiago Jurua, responsável pelo espaço localizado na cidade de Sena Madureira, descreve essa rotina de forma mais detalhada.

“O trabalho semanal é diversificado e depende do que está planejado. Às vezes são trabalhos voltados à gestão da Unidade. Outras vezes são trabalhos de campo como reuniões nas comunidades e acompanhamento de pesquisadores”, enumera. A gestão também tem outro tipo de incumbência: “temos projetos voltados à conservação da biodiversidade, à geração de renda e melhoria da qualidade de vida das famílias”. 

Organizar o processo que assegura a sustentabilidade é outro ponto fundamental e que está diretamente ligado à essência das reservas extrativistas – a de Cazumbá-Iracema, fundada em 2002, tem extensão de 750 mil hectares e é a quinta maior do Brasil. “Temos operações de fiscalização ambiental e atendimento de denúncias para garantir a proteção (da reserva)” conta Jurua. 

Proteger os meios de vida da população tradicional da Unidade (cerca de 1.650 pessoas) e ao mesmo tempo assegurar o uso dos recursos naturais de maneira renovável resume o trabalho da administração em Cazumbá-Iracema. A reserva é subordinada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

A reserva localizada no Acre possibilita o sustento para cerca de 330 famílias por meio de diversos tipos de atividades que envolvem o meio ambiente. “Plantio e cultivo do roçado, cortar seringa, quebrar castanha, coletar óleo de copaíba, fazer farinha, fabricar artesanato, criar animais, caçar (para subsistência), pescar, construir e reformar as casas”, enumera Jurua. 

A ideia que norteia a criação das Unidades de Conservação vem do passado. Nos anos 80, os seringueiros iniciaram a luta pela criação das reservas extrativistas em alternativa aos projetos de assentamento propostos pelo governo. Foi ali que nasceu o raciocínio de que os recursos naturais não poderiam ser utilizados de forma predatória. “As famílias precisavam continuar morando nessas áreas e tirando o seu sustento da floresta, que tinha de seguir de pé”. O trabalho extrativista é realizado de forma sustentável, pois só é possível obter produtos como a borracha ou o óleo de copaíba com a floresta em pé. “Não há a necessidade de derrubar uma árvore sequer”, explica Tiago. 

Com diretrizes bem definidas e trabalho ordenado e coordenado, as reservas atuam com sustentabilidade. Elas estão inseridas no contexto de desenvolvimento do próprio País, pois ajudam a fixar a população no campo e evitam o aumento da pobreza nas regiões periféricas das principais metrópoles.

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